terça-feira, 26 de abril de 2016

Espírito Alvinegro


Tolerância é um termo que vem do latim "tolerare" que significa "suportar", "aceitar". Fundamental para quem vive em sociedade, a tolerância é uma atitude. Uma pessoa tolerante normalmente aceita diferentes opiniões ou comportamentos diferentes daqueles estabelecidos pelo seu meio social.  Ano passado me assustou muito o tratamento intolerante que o técnico Levir Culpi mereceu de grande parte da torcida do Galo. Pois entramos 2016, estamos nas oitavas da Libertadores e na final do estadual, único time brasileiro a conseguir tal feito, ressalte-se, e estou, ainda, assim, preocupado com o comportamento de parte da torcida alvinegra.

Penso que a combinação títulos + público com poder aquisitivo maior + redes sociais trouxeram à tona um Atleticano que não estávamos acostumados a ver.  Não se trata aqui de querer definir se estão certos ou errados. Porém, nosso ponto de partida quando falávamos que alguém torcia para o Galo era aquele camarada ou aquela menina que passava por cima de tudo, ônibus lotados, violência nos estádios, pouco conforto na arquibancada e geral do mineirão, mas sempre estava lá no saudoso portão 9 pulando e gritando no aquecimento da saudosa galoucura. Ah, uma ressalva. Quase sempre não dava para ir no Portão 7A e, quando a grana era mais curta ainda, a geral era o paraíso. Tudo isso para poder sentir aquele frio na barriga quando escutávamos o velho Abras na Itatiaia dizer: "Lá vem o Galo". Tal frase e a cena daqueles heróis (independente de quem fossem, eram heróis) entrando em campo nos transportavam para um mundo que só quem ama o Atlético sente nesse momento o que estou escrevendo.  

Pois bem, intolerante. Estou  sendo com quem nesse momento critica o técnico Aguirre? Ao pensar sobre isso concluí que não é esta resposta que preciso buscar. Por isso, olho para dentro e não para o outro, e busco saber onde está aquela torcida do Atlético. Cansei de escutar entrevistas de jogadores adversários elogiando gratuitamente a massa alvinegra. Não consigo achar a resposta para a indagação que fiz a mim mesmo. Certa vez, num fórum de educação promovido pelo Sesc Augusto Cury disse que devemos “doar e não querer em troca do mesmo tamanho, aquilo que doou” e que “não devemos exigir do outro, aquilo que ele não pode dar” e Roberto Patrus, no mesmo evento reforçou, “o importante para o self é não se prejudicar; não prejudicar o outro e não se deixar prejudicar pelo outro (em hipótese nenhuma)”. Como disse, não escrevo agora para acusar alguns, mas sim para tentar, dentro de minhas possibilidades, promover esta reflexão. Não prejudiquemos o Atlético. Seria muito bom podermos todos nos reunir e, neste encontro para filosofarmos, tentarmos juntos achar o caminho de volta daquela massa espetacular que fazia as estruturas do estádio Magalhães Pinto balançarem. Como não podemos, por várias razões, estarmos juntos, resolvi fazer este convite. Olhe para dentro e busque o Atleticano de Raiz que todos nós somos.

Faço uma proposição. Não existem cornetas, apenas aprendizes ou aspirantes a Torcedor de Raiz. Assim, Atleticano de Raiz, lhe digo o que é muito importante: as pessoas em crescimento (ou inseguras) precisam de inspirações de outros, precisam de direção de outros, pois quando amadurecemos, confiamos em nossos corações, onde as leis universais estão escritas. Portanto, a resposta que busquei está dentro de você, de mim, de todos nós. Tudo que precisamos é ver, prestar atenção, e confiar!
 
Assim confio minha intuição e crença em você Atleticano de Raiz que me lê neste momento. Devemos impor limites (não chamar o técnico de burro quando estamos vencendo um jogo, por exemplo), respeitar limites, sendo exemplos (ao ver o amigo alvinegro chamando o técnico de burro, gritar Galo, cantar o hino ...) e superar limites, mesmo com nossas limitações. Quero continuar acreditando que a alguém só consegue me manipular se eu permitir. Nosso subconsciente determina quais energias, experiências e quais pessoas que atraímos. Assim, o único jeito certo de saber o que queremos é ver o que temos. Queremos a Libertadores e temos o espírito Alvinegro dentro de nós.

Por @pauloazulaybh

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