"O GALO É O TIME DA VIRADA. O GALO É O TIME DO AMOR"
Na última vez que estive aqui, dei 3 motivos pra acreditar na vitória. E não é que nossa fé valeu a pena?
Quarta-feira, 5 de novembro. Quem diria que esse dia ia ficar marcado pra sempre na minha memória.
E minha saga até o júbilo foi bem parecida com a partida de ontem.. Espia só!
Bom, acho que não vou conseguir narrar todo o meu dia, até porque, não quero tomar tanto seu tempo assim.
Mas vamos lá! Vou começar do momento em que tudo ficou realmente tenso.
18 horas, terminando de me aprontar pra ir à aula. Vesti meu manto sagrado, dei um beijo no escudo e fui pra faculdade.
Era dia de apresentação de trabalho e para a minha felicidade, meu grupo era o último.
20:30. Olhei pro relógio do computador. Minhas pernas não paravam de sacudir. Mais uma vez olhei para relógio. 20:45. "Professor,acaba a aula por favor."
Finalmente 21:00, todos liberados. Mas como se não for sofrido, não é Galo, perdi o ônibus das 21:30 e fiquei na angústia de esperar o das 22:20.
21:55. Já podia ouvir meu coração batendo dentro do peito. E acompanhar tudo aquilo pelo radinho e ainda passar ao lado do Mineirão aumentava mais a minha ansiedade.
O árbitro apitou pela primeira vez. BORA GALO! E eu lá, mofando, andando de um lado para outro, não aguentando mais a espera.
Até que o ponto de ônibus se transformou numa verdadeira resenha esportiva. Mais do que isso! O ponto do MARAVILHOSO E ABENÇOADO S53 se tornou uma arquibancada. Gente rezando, gente roendo as unhas, uns nem aí, eu tendo mini infartos, outros xingando... Uma loucura!
Comecei a conversar com uns caras. Um atleticano o outro cruzeirense. O cruzeirense cheio de confiança, o atleticano nem tanto, mas o que despertou minha atenção foi um acreditando no time do outro.
Voltando ao meu desespero, nada do ônibus aparecer, até que de repente, ouço gritos. Coloco meus fones de volta, já com lágrima nos olhos. Gol do cruzeiro. Cara, como aquilo doeu.
Enquanto isso o Atlético pressionava, pressionava e nada.
22:25 e o S53 apareceu. Nunca senti tão aliviada na minha vida. Olhei pro lado, quase todos que compartilharam comigo aquele momento de sofrimento iriam entrar no mesmo ônibus que eu. Que beleza! Sofreremos juntos!
Ônibus lotado, nervosismo me consumindo, mas estava tudo bem. Eu iria chegar em casa antes do fim do primeiro tempo. 90% das pessoas ali estavam com fones de ouvido, concentrados em suas partidas.
A cada chance desperdiçada, eu soltava um "aaaah" "uuuuuh" "nãaaao". Chegou ao ponto de um moço me pedir calma e dizer que nós íamos conseguir, que Galo é Galo.
É, estava tudo bem até que Mário Henrique dispara um sonoro "CAIXAA". Ai meu coração!
Do Flamengo. Soltei um grito e um "puta que pariu". Foi como se tivesse tomado um tapa. Que sensação péssima! E para piorar, o gol foi aos 34 minutos. Não iria ter mais tempo! Eu precisava chegar em casa logo.
Seria possível reviver aquela virada contra o Corinthians? Era um milagre se aproximando?
Confesso que fiquei dividida. Uma parte de mim, mais realista e sensata, dizia que não ia ter jeito, acabou. A outra parte, louca, apaixonada, alvinegra até a morte, gritava "EU ACREDITO" sem parar. Resolvi escutar a segunda.
Comecei a mentalizar o mantra, quietinha ali no ônibus. E não é que funcionou? Quase perto de casa, Carlos, o moleque louco, balança as redes, aos 41, fazendo essa pequena criatura que vos fala ir ao delírio.
Apertei o sinal umas 100 vezes e pulei pra descer no ônibus. Desci a rua de casa correndo e apertei a campainha com a força que me restava. Corri pra sala e fui sofrer mais um pouquinho até o fim o primeiro tempo.
Jantei o mais rápido que pude pra poder estar livre pra me expressar na segunda etapa da batalha.
O árbitro autoriza! Eu já estava tão desesperada, que liguei o rádio e a TV na tentativa de me manter mais calma. Se deu certo? Não, amigo. Só mais 3 gols e o apito final trariam paz.
A pressão pra cima do Flamengo era enorme e como jogo bem o Galo! E não tô falando só da entrega e sim de técnica mesmo. Foi um show a parte.
Destaco aqui Dátolo, que sim, cornetei muuuuito no jogo de ida. Mas convenhamos: ele não jogou nem metade do que jogou ontem. Dá-lhe argentino!
Destaque também para Luanzinho doido, que mais uma vez agigantou diante do adversário.
E a partir daí a pressão começou a ficar eficaz e aos 12 minutos, ele, MAICOSSUEL, sim, ele mesmo, bate no contrapé de Paulo Victor, explodindo a massa.
Daí amigos, como que não acredita?
O tempo foi passando, substituições aconteceram e junto delas o gol do argentino mais raçudo do mundo! Aos 36, Dátolo enche o pé e marca.
Nessa hora, ajoelhei, olhei pro meu pai e disse: "É nosso pai! É nosso!"
Três minutinhos depois meu olhos não acreditavam no que eu via. 4X1! VIRAMOS! GOL DO MALUQUINHO! DO GIGANTE LUAN!
ESTAVAMOS CLASSIFICADOS! ONDE ESTÁ SEU FREGUÊS AGORA FLAMENGO? 81 VINGADO COM LOUVOR!
Soltei um sonoro grito de Galo, pra fazer todos os vizinhos ouvirem e com os olhos marejados, comemorei como um título, afinal não é todo dia que se vai pra final de um campeonato desses.
Não vou dizer que já sabia, mas nunca perdi as esperanças. Nosso mantra veio pra ficar e enquanto der certo, usaremos a nosso favor!
Mais uma vez torcemos contra o vento e ele, graças a Deus, levou a pior. E agora, meu amigo, vamos preparar nosso coração para o clássico mais importante das nossas vidas. VAMOS ENTRAR PARA A HISTÓRIA!
PODE VIR CRUZEIRO! PORQUE AQUI MEU FILHO, AQUI É GALO!
Por Stephanie Falconelli
@teehfalconelli
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