Essa é a história da Marcela.
Marcela é Galo Doido desde pequena por influência do irmão mais velho,
que talvez nem saiba disso. Ele
não tem idéia o quanto a influencia. Mas a Marcela aprendeu a sentir o que é
fazer parte da Massa e gostou. Se apaixonou. Se entregou. A tatuagem na nuca é só uma das singelas
homenagens prestadas ao Galo ao longo dos anos.
Marcela tem duas grandes amigas: Bruna e Simone. Bruna é cruzeirense, coitada. Simone é Galo mas prefere fazer as unhas enquanto o marido assiste aos jogos do Galo na TV. Mas ficou um ano sem fumar para pagar a promessa que fez no intervalo da final da Libertadores de 2013; esse é o retrato de um atleticano simpatizante padrão, aparentemente.
A Marcela tem Bruna e Simone como irmãs e as ama. Mas não são companhias
pros jogos. A Marcela tem um dilema. Ela quer escolher um bom companheiro de
arquibancada. O namorado é uma
perfeita companhia, mas mora longe. Ir aos jogos sozinha também é legal, mas
ela prefere ter alguém do lado. A Marcela tem três opções: Mauricio, Renata e
Hugo.
O Mauricio é um cara bacana. Arrumou uma namorada e levou a garota com ele ao Horto. O Mauricio achou que a fulana ficaria muito impressionada se ele xingasse o Cárdenas e o Patric o jogo todo. Mulher não entende de futebol mesmo... “Quer saber?”, pensou, “vou xingar é o time todo. Poupar só o Santo”. Mas pobre Mauricio. Foi xingado pelos outros torcedores e foi embora sem ver o gol que o Luan fez num escanteio batido pelo Cárdenas e com um toque de calcanhar do Patric (meio sem querer, é verdade) aos 47’ do segundo tempo. E a Marcela riscou um nome na lista. Ela se incomoda com a idéia de vaiar o Galo, mesmo quando alguns jogadores não correspondem às expectativas. Ora, se ela não vaiou Mexirica, Rodrigo Fabri e Bilu, vai vaiar agora? Ela quer ir ao jogo para apoiar; é assim que ela viu a massa fazendo a diferença tantas vezes.
A Renata talvez seja a mais fanática dos amigos da Marcela, não perde um
jogo sequer. Viajava com torcida organizada para os mais distantes jogos. Mas a
Renata trocou o ingresso pelo controle remoto quando sentiu que a diretoria
trocou sua torcida por uns Reais a mais. Os ingressos foram encarecendo e a
Renata foi se sentido expulsa da sua própria casa. Marcela ainda tenta convencê-la
de que a diretoria atual tem tentado praticar preços menores. Que se ela aderir
ao ainda limitado programa de sócio-torcedor ela vai conseguir descontos, vai
conseguir comprar ingresso pela internet. Mas a Renata foi, aos poucos, se
acostumando a ver os jogos em casa ou em bares. Perdeu o hábito de ir ao
estádio. É claro, ela sabe que não é a mesma coisa. Ela acompanhava, ela não
desistia. Ela acreditava no Galo antes de virar moda. Renata esteve nos jogos
na Arena do Jacaré, nos finais de semana e nos dias de semana. Ela sofreu com
os 6x1 no final de 2011 mas não esperou o Galo ganhar o Mineiro invicto no ano
seguinte para ir apoiar. Ela estava lá desde o primeiro jogo. Mas eram outros
tempos. Tempos em que o Galo precisava dela. Hoje não precisa (ou precisa
menos). A Renata continua apaixonada pelo Galo mas o brilho no olhar talvez
demore um pouco a reaparecer. E a Marcela riscou mais um nome da lista. Ela
entende a Renata. Mas aquele frio na barriga que ela sente quando entra no
estádio, quando ouve a torcida gritando...ah, isso nada consegue matar.
O Hugo. O Hugo é um gentleman. Um amor de pessoa. Gosta de ir ao estádio
mas assiste aos jogos como se estivesse assistindo a uma ópera. Palavrão? Nem
pensar. Não gosta de ter que ficar de pé mas entende que as vezes é necessário,
principalmente quando insistem em não atender seus inúmeros pedidos para que as
pessoas na sua frente fiquem quietas e assentadas. O Hugo não entende qual a
dificuldade que as pessoas tem de se sentar. Nem a necessidade de entoar cantos
de torcida o tempo inteiro. O Hugo paga por um espetáculo, portanto, exige um
espetáculo. Ele trabalha, ora. Ele não pode aparecer no trabalho rouco toda vez
que o Galo precisa de uma virada épica. Tenha dó. Mas o Hugo se diverte muito
nos estádios, ele não pode negar. Por isso continua indo. Sentado. Quieto. E a
Marcela riscou mais um nome da lista. A Marcela faz parte da Massa que encanta
o país. Que faz loucuras, que desestabiliza o adversário, que entra em campo
quando falta a técnica. A Marcela ficou rouca num dia de semana comemorando 107
anos da existência do Galo. Por que não ficaria rouca num jogo?
Marcela ainda procura companhia. Mas ela sabe que Mauricio, Renata e
Hugo não são exceções.
E sozinha, subindo a ladeira da Pitangui, ela percebe que a exceção
parece ser ela mesma.
Por mais Marcelas. Por mais Galo. Pela Massa.
Saudações!
Fernanda
Ótimo texto!!!!
ResponderExcluirAgora surgiu uma dúvida:
Marcela e Fernanda não são a mesma pessoa?
Acho que sim.
Hehehehe não, Andre! :)
ExcluirQue bom que gostou do texto! Volte sempre!
a marcela e gatinha me apresenta ela
ResponderExcluirAdorei!!! :)
ResponderExcluirObaaaa :)
ExcluirSó agora tive tempo de ler Fer... Sensacional!!
ResponderExcluirObrigada, Leo! Que bom q gostou!! :)
ExcluirParabéns pelo texto...adoreiiiiiiiiiiiiii.
ResponderExcluirNão vaiei o mexerica e vou vaiar esse time? tenha dó né...não abandonei o Galo quando caiu pra série b(e foi num dia de festa em comemoração do meu aniversário heim) e não vai ser agora...podemos ir sozinhas pro estádio, mas lá encontramos a massa.
É isso aí, Pri! Tamo junto!!
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