-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A monarquia britânica usou o terrorismo de
Estado para enfrentar o movimento republicano irlandês.
O filme “Em Nome do Pai”, baseado em fatos
verídicos, conta a história de um jovem irlandês que foi tentar a sorte em
Londres, acabou preso, acusado de terrorismo, e seu pai, tentando tirá-lo da
prisão, também foi preso e morreu na cadeia, depois de iniciar uma campanha
para chamar a atenção popular da injustiça de que eram vítimas.
A ditadura civil-militar brasileira também
vitimou pais brasileiros, ainda hoje desaparecidos.
Há algum tempo recebi por e-mail a crônica
escrita pelo jornalista Roberto Amaral, contando como a ditadura lhe tirou o
pai.
Em nome do pai do Roberto Amaral homenageio a
todos os pais atleticanos:
“ROBERTO AMARAL: Galo e Cruzeiro e um
jazz no coração
Quando jogam Atlético e Cruzeiro, como acontecerá no domingo que vem, eu me lembro do meu pai.
Quando jogam Atlético e Cruzeiro, como acontecerá no domingo que vem, eu me lembro do meu pai.
Eu tinha
11 anos quando vi meu pai ser levado pela Polícia Política.
A gente
morava ali na rua do Ouro, no bairro da Serra, perto da Volla Rizza.
Era
domingo, eu acabara de acordar quando os homens da polícia apareceram na minha
casa.
Eles
chegaram numa Rural cor de café com leite e ficaram parados na porta, e na
outra esquina, mais adiante, um Jeep do exército com dois homens dentro
observavam tudo.
Foi a dona
Bela, uma italiana de peitos grandes, que morava defronte a nossa casa, quem
avisou a minha mãe de que a polícia rondava o nosso portão.
Minha mãe
desligou o telefone, abraçou o meu pai (que comia pão com manteiga) e começou a
chorar.
Meu pai adorava comer
pão molhado no café.
Eu fiquei
ali, olhando para o chão com o cadarço do sapato desamarrado enquanto a minha
mãe chorava abraçada com o meu pai.
Meu pai foi preso
vestido com a camisa do Atlético.
Era a de número 9, do
artilheiro Dario Peito de Aço.
Aquele
domingo era dia de clássico no Mineirão e, pela primeira vez na vida, meu pai
ia me levar para ver uma de suas paixões: o futebol.
Naquela
época algumas reuniões do Partidão eram feitas em dias de grandes jogos no
Maracanã, Morumbi, Fonte Nova, Beira Rio e nos Aflitos.
Era uma tática para
despistar os caçadores de aparelho.
O meu pai foi preso ao
ser denunciado por um 'cachorro'.
Cachorro
era o nome que a polícia dava ao espião infiltrado no partido a serviço do
exército brasileiro.
Acompanhei
o jogo deitado na cama da minha mãe, ouvindo o mesmo radinho de cabeceira em
que meu pai acompanhava a Voz do Brasil e o repórter Esso.
Enquanto
ouvia o jogo, a minha mãe ficava ao telefone tentando mobilizar amigos
influentes para saber notícias de meu pai.
O Atlético
derrotou o Cruzeiro por três a dois e Dario Peito de Aço foi quem marcou o gol
da vitória.
O genial
Vilibaldo Alves parecia querer prestar uma homenagem ao meu pai narrando o
terceiro gol do Galo: Adivinhe ! goooooooool Daaaarioooo! Daaaaaariooooo!
Daaaaaariooo! Daaaaariooo! Peito de Aço!!!
Quando o
jogo terminou, eu corri para a janela na esperança de ver o meu pai, que nunca
mais voltou.
Agora,
todas as vezes em que jogam Atlético e Cruzeiro eu me lembro dele, dentro do
carro da Polícia Política, vestido com a camisa do Atlético.
Era a de
número 9.
Todas as
vezes que jogam Atlético e Cruzeiro, um jazz toca no meu coração.
*Roberto Amaral é
jornalista da Rede Minas, em Belo Horizonte.”
Por Lincoln
Pinheiro Costa*
Twitter: @Lincolnpinheiro
“Clube Atlético Mineiro, o
Time de Minas”
*Juiz federal da Vara Única de Ilhéus-BA e ex-procurador da Fazenda Nacional em Salvador. É graduado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP) e MBA em Direito da Economia e da Empresa pela FGV. É membro do Instituto San Tiago Dantas de Direito e Economia.
Emocionada, com os olhos cheios de lágrimas, mas enxergando e sentindo o grande amor que o galo faz acontecer...
ResponderExcluirEternamente Atleticana!!!