Caríssimo leitor,
Um dia após a vergonhosa
atuação do árbitro no jogo entre Galo e Atlético Paranaense eu escutava uma
música do Chico Buarque, que venceu o III Festival de Música Brasileira da TV
Record , em 1967: Roda Viva. Uma parte da letra é assim:
“Tem
dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu; a gente estancou de
repente ou foi o mundo então que cresceu...
A
gente quer ter voz ativa; no nosso destino mandar; mas eis que chega a roda
viva e carrega o destino prá lá ...
Roda
mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião, o tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração...
A
gente vai contra a corrente até não poder resistir; na volta do barco é que
sente o quanto deixou de cumprir...
Faz
tempo que a gente cultiva a mais
linda roseira que há; mas eis que chega a roda viva e carrega a roseira prá
lá...
O
samba, a viola, a roseira que um dia a fogueira queimou; foi tudo ilusão
passageira que a brisa primeira levou...
No
peito a saudade cativa, faz força pro tempo
parar; mas eis que chega a roda viva e carrega a saudade prá lá ...
Roda
mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião, o tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração...”
Então, parei e pensei: após
a eliminação do Galo para o Inter na Libertadores desse ano, me enchi de uma
esperança gigantesca no título do Brasileiro quarenta e quatro anos depois. “Faz tempo
que a gente cultiva a mais linda roseira que há; mas eis que chega a roda viva
e carrega a roseira prá lá...”. Depois de um início muito bom, a esperança
aumentou e muito. Liderávamos e jogávamos muito bem, “mas eis que chega a roda viva e carrega o destino prá lá ...”. Por
roda viva, entendam como o coração de vocês sentir. Árbitros?, CBF?, STJD?,
Rede Globo?, queda no rendimento de alguns jogadores? Cada um dará sua sentença.
Aqui, darei a minha. Os
erros contra o Atlético acontecem numa proporção muito maior do que os erros
contra o Corinthians. Ruindade ou atuações tendenciosas? No país de mensalões,
trensalões, lava jato, temos, no mínimo, o direito de desconfiar. Lembrem que
os dois ex-presidentes da CBF são Ricardo Teixeira (fugiu para os EUA) e José
Maria Marin (preso na Suíça) e o atual, Marco Polo del Nero, não sai do país
por medo de ser preso pelo FBI. Saudade do tempo em que eu, pelo menos,
acreditava que as coisas se decidiam dentro do gramado. “No peito a saudade cativa, faz força pro tempo parar; mas eis que chega a roda viva e carrega a saudade prá
lá ...”
Gritamos “vergonha” e
“Corinthians” no horto. Protestamos como sempre porque “A gente quer ter voz ativa; no nosso destino mandar; mas eis que chega
a roda viva e carrega o destino prá lá ...”. Acordei com a sensação de que
só mudaremos essa realidade do futebol brasileiro se um fato novo acontecer. A
seleção ficar fora de uma copa, os torcedores abandonarem, em nível industrial,
a ida aos estádios, sei lá ...
“Tem dias
que a gente se sente como quem partiu ou morreu” ...
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