Uma vez até morrer #2 - O Ascender da Paixão
Para quem acha que o nome de
minha coluna, “Uma Vez até Morrer” é parte do hino do Galo, engana-se, é parte
de minha vida!
Nasci a tempo de ver Reinaldo jogar,
mas o motivo de minha paixão pelo Galo, não foi este...
Estava eu, próximo de meus 10
anos de idade, voltando da casa de minha avó, que mora em Nova Lima, em um
domingo, dia de jogo João x Maria, quando do nada, dentro do ônibus, fui
interpelado por um moço, que me fez a seguinte pergunta: “Garoto, você torce
para que time?”. Sem medo de errar, enchi o peito com orgulho e respondi: “Lógico
que é Galo!!”. Daí, este moço me disse o seguinte: “Então você não é
torcedor...” Eu, naquela época, com minha cabeça de criança já imaginava o
desfecho... certamente era um cruzeirense e iria dizer que eu era um doente,
porque o torcedor do Galo assim era conhecido, e claro, eu já estava com a
resposta pronta, do tipo: “Sou mesmo! E você que veste de azulzinho e fica
falando que é a cor do céu, que tem estrelinhas e joga pó de arroz quando seu
time entra em campo?”. Sim meus amigos, naquela época o time adversário ficava
cheio de vaidade por estas razões.
Eu, naqueles segundos que
antecedia a réplica de meu intercessor, estava de cara torcida, mas eis que ele
me responde: “Então, você não é torcedor! Você é Atleticano, você nasceu
Atleticano! É mais que torcer! É uma paixão por toda a vida! E você, me fará
uma promessa aqui se seu coração realmente for alvinegro: Atleticano é
atleticano até a morte! Certo?”
Sem a dúvida pairar sobre minha
cabeça, respondi com a tranquilidade de uma criança que sabia o que estava
fazendo: “Claro! Sou Galo até morrer!”.
Esta é uma passagem de minha vida
que lembrarei para sempre! Pois, nem nos piores momentos do Galo em sua
caminhada, eu desisti. Enquanto isso durante minha vida, vi muitos cruzeirenses
virarem Atleticanos, mas vi alguns falsos atleticanos virarem cruzeirenses,
comprados por ingressos no Mineirão e lanche depois da partida, patrocinados
por um fundador de uma torcida adversária, que morava a alguns metros de minha
casa. Assim foi formada a torcida azul modinha! Se não tiver sanduiche no final
do jogo, a torcida não vai! Óbvio que recebi convites para entrar na tal
organizada, mas o meu coração é alvinegro, coisa que não se muda! Não entendia
a lógica da conversão de meus vizinhos.
Eis que o Galo, logo depois
disso, montou um time campeão, um time como poucos em que figuraram no Brasil,
com o elenco de craques, entre eles o nosso Rei, Reinaldo, Luizinho, João
Leite, Éder Aleixo, Toninho Cerezo e Paulo Isidoro... são os que lembro daquela
época, na qual vi ser vice brasileiro em 1980, após Reinaldo ser caçado em
campo, fazer 2 gols contundido e ao final, o árbitro José de Assis Aragão expulsar
ele e mais 2 jogadores do time do Galo, entregando de bandeja o título ao
rubro-negro, segundo melhor time da época, e que ainda assim, precisou de ajuda
da arbitragem para ganhar um jogo... fato que se repetiu por muitas vezes ao
longo dos anos.
Vi o Galo hexa campeão mineiro,
com vitórias e vitórias em cima de nosso rival vaidoso, algumas de goleadas, o
que consolidou ainda mais minha paixão por esta instituição, e que fez alguns amigos meus
cruzeirenses abandonar a tal organizada e torcer do lado alvinegro da força,
nas arquibancadas ou na rua mesmo, pelo então glorioso Clube Atlético Mineiro.
Anos se passaram, e agora,
vivemos outra época histórica do time, onde vibrei e gritei muito com os três
últimos títulos: Libertadores, Recopa e Copa do Brasil! E assim, como conto
esta história de minha vida hoje, existem vários garotos por aí consolidando
sua paixão pelo alvinegro, certamente impulsionado por esta louca paixão que só
nós Atleticanos sabemos o que é!
Meus amigos, o maior título do
Galo, não estão nas conquistas de campeonatos e nas taças. O maior título do
Galo é o coração alvinegro das nossas crianças! Aquelas que cantam e pulam por
diversas escolas em Minas Gerais cantando “Maria eu sei que você treme!”. Este
sim é o maior título do Galo! E estas crianças, daqui a alguns anos, certamente
contarão suas histórias de vida, e como este time as marcou e conquistou a mais
épica de todas as Copas Libertadores, a maior Copa do Brasil já existente, as
fáceis vitórias sobre nosso rival, a época em que o lado purpurinado da lagoa não
ganhava do Galo, a tremedeira, e claro, lembrarão de seus ídolos de agora, e que
serão eternos: Victor, Tardelli, Luan, Dátolo, Bernard, Leonardo Silva, Leandro
Donizetti, Rever, Pierre, Ronaldinho Gaúcho, Levir Culpi, Cuca, Marcos Rocha, Jemerson,
e outros que ajudaram a reconstruir e recolocar o Galo no caminho das vitórias.
Esta é a história do nome da
coluna. A minha história e a de muitas crianças que hoje vivem esta fase de
nosso time!
Amigos, o Clube Atlético Mineiro
é eterno! Cada um do seu jeito, cada qual com sua história, mas todos com o
coração alvinegro e a paixão que jamais será esquecida ou abolida!
Ahhhhh... o resultado daquela
fatídica partida entre João x Maria, em que eu estava no ônibus e ouvi pelo
radinho?? 4 x 0 para o Galo em 1983.
Saudações massa!! Galoooooooooooooooooo!!
Leo Koscky